quarta-feira, 20 de abril de 2011

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A Cidade Parou

“Stop.
A vida parou
Ou foi o automóvel?”

                Carlos Drummond de Andrade – Alguma Poesia, 1930

Foi exatamente deste poema anti-futurista de Drummond que surgiu a ideia para o título deste blog. No entanto, aviso aos navegantes que não sou nem anti-futurista nem tampouco procurarei endemoniar a figura do automóvel, apenas acredito que a sua utilização em determinadas situações deva ser repensada.

A sensação de todos é a de que acidadeparou, engarrafou, mas qual é o significado disto?


Significa que, “ocorreu uma saturação, ou seja, que o volume de tráfego gerou uma demanda por espaço maior que a disponibilidade deste”[i].

E por falar em espaço, os principais espaços de circulação de pessoas e mercadorias são as vias[ii], mas, também, os pontos de parada, estações e terminais, assim como diversos outros espaços da cidade.

Cada meio de transporte em movimento, ou mesmo parado, consome um determinado espaço, e há realmente uma grande desigualdade de intensidade de consumo entre os diferentes modos, como podemos perceber no mosaico de fotografias abaixo.



A imagem não representa, de fato, o espaço que é consumido por cada uma das três formas de deslocamento, pois se trata de uma série de fotografias que registram pessoas e veículos parados e não em movimento.  De qualquer forma, é uma excelente ferramenta para comparar a grande diferença de espaço que cada modo demanda.

Podemos dividir o espaço da mobilidade basicamente em duas categorias de uso: restrito e compartilhado. Um exemplo de uso restrito é o metrô, que não divide seu espaço de circulação com nenhum outro tipo de veículo. Por outro lado, grande parte das ruas de uma cidade tem o uso compartilhado por ônibus, automóveis, motos, bicicletas e pedestres.

A constante saturação de uma via compartilhada, o conhecido engarrafamento é apenas um dos sinais de que a convivência entre os distintos modos já não é mais possível. O senso comum faz pensar que a solução do conflito está na ampliação do espaço de circulação das vias existentes ou mesmo na construção indiscriminada de novas vias, quando, na verdade, em grande parte das vezes é possível resolver o problema apenas reorganizado a rede existente.

No próximo post discutirei um pouco sobre o conflito entre os meios de transporte público e privado nas ruas do Rio de Janeiro. Comentários são sempre bem vindos.


[ii] Detran RJ, “Uma via é, a superfície por onde transitam veículos, pessoas e animais, compreendendo a pista, a calçada, o acostamento, ilha e canteiro central”.

5 comentários:

  1. Muito bom continue assim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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  2. Nando,

    Muito legal! Eu me esquivo de usar o carro na maioria dos meus deslocamentos. Se puder, vou sempre de metrô que pode até não ser tão confortável mais é muito mais rápido, barato e seguro.

    Recomendo o blog metrodorio.blogspot.com . venho acompanhando ele há algum tempo e ele tem muita informação interessante sobre o metro e suas obras de expansão

    Abs
    Pedro

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  3. Pedro não conhecia este blog mencionado, somente o oficial (http://blog.metrorio.com.br/), apesar disso me parece que ele reúne um bom conjunto histórico de informações. Esse fórum aqui (http://www.skyscrapercity.com/) é mundial e reúne muita coisa boa também o difícil é achar o que procura já que, é muito abrangente .
    Sobre as características do metrô citadas concordo. Normalmente definimos a zona de conforto como uma uma lotação de até 4 passageiros por m2 sendo o máximo recomendado seriam 6 passageiros por m2. São Paulo já foi considerado o metrô mais lotado do mundo diversas vezes chegando a absurdos quase 10 passageiros por m2.

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  4. @Fernando Ayres Padilha

    Pedro, mais uma vez, hoje saiu uma reportagem afirmando que o metrô de São Paulo é o mais lotado do mundo. http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/906394-metro-de-sp-e-o-mais-lotado-do-mundo-com-37-mi-de-usuarios.shtml

    Abraços, Fernando

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  5. Só tem um detalhe "perverso" nessa comparação que não está explicito:

    1. Carro = CONFORTO
    2. Onibus (no Brasil) = DESCONFORTO
    3. Bike = SOFRIMENTO

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