terça-feira, 26 de abril de 2011

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O fim dos ônibus?

Porque o sistema de ônibus da cidade do Rio de Janeiro é tão ineficiente? Uma resposta apressada colocaria toda a carga de responsabilidade nos empresários que administram as empresas de ônibus, quando, na verdade, a principal razão é que o espaço de circulação deste meio de transporte é cada vez mais restrito e ineficiente, e isto ocorre porque ônibus e automóveis disputam o mesmo espaço numa briga em que todos saem perdendo.

Os congestionamentos geralmente ocorrem em locais e horários com uma grande demanda de viagens, ou seja, justamente quando a população mais precisa dos ônibus, estes se encontram presos nos engarrafamentos.
Um sistema de ônibus que divide espaço com automóveis em vias congestionadas alcança uma baixa velocidade comercial, necessitando de um grande número de veículos para manter o mesmo intervalo de operação como pode ser visto na tabela abaixo.


O controle da inflação e o aumento da renda média dos trabalhadores, em conjunto com a disponibilidade de crédito resultaram em um aumento de 90% no número de automóveis licenciados na cidade do Rio de Janeiro entre 1995 e 2009, isso sem levar em conta cerca de meio milhão de veículos licenciados em outros estados que por aqui circulam. Nesse mesmo intervalo de 14 anos, a frota de ônibus em circulação cresceu mais de 30%.
Os ônibus estão perdendo a batalha, e o maior sinal é que, mesmo com este considerável incremento da frota, houve uma perda de quase 1 milhão de passageiros por dia no período entre 1995 e 2009, como pode ser visto no gráfico abaixo.


A solução para este problema existe há muito tempo: mapear a cidade e, a partir das informações geradas, criar corredores segregados para ônibus nas vias em que exista um intenso fluxo diário destes veículos. A inexistência dos corredores segregados é o cenário perfeito para o caos, ilustrado na fotografia abaixo da Av. Presidente Vargas.


A cidade já tentou, sem sucesso, criar esses corredores, como o antigo corredor da Av. Nossa Senhora de Copacabana, criado na década de 1990, ou mesmo a atual via seletiva da Av. Brasil. Ambas tentativas fracassaram por acreditarem que é possível segregar o tráfego apenas investindo em sinalização e fiscalização, quando seria mais efetivo segregar este espaço por meio de barreiras físicas.
No próximo post vamos discutir uma invenção brasileira: como o ônibus pode ser transformado em um transporte de massa, e quando e onde a cidade do Rio de Janeiro vai adotar tal iniciativa. Usem o campo dos comentários à vontade, sua opinião é sempre bem vinda.

Um comentário:

  1. De fato, Fernando, as medidas adotadas pela Prefeitura para segregar vias de circulação de veículos são, na melhor das hipóteses, inocentes, visto que contam com a educação e a paciência dos motoristas. O mais racional, como você apontou, seria implantar o sistema de segregação física das vias, conforme ocorre em Curitiba, em Uberlândia e em outras cidades do Brasil e do mundo.

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