“É importante constatar a disparidade entre os ônibus que rodam pela Zona Sul e os que transitam pelas Zonas Norte e Oeste: há muito mais carros e linhas disponíveis à parcela da população que tem possibildade de custear transporte privado, enquanto as pessoas que moram longe de seus trabalhos devem enfrentar cotidianamente ônibus lotados e com longos intervalos de tempo.”
A cidade é dinâmica e está em constante transformação, cabe às autoridades competentes realizar pesquisas regularmente para identificar o surgimento de possíveis disparidades como a que foi relatada pela leitora Carla.
No caso específico do município do Rio de Janeiro existe uma clara tendência ao esvaziamento populacional das Zonas Sul e Norte e o deslocamento desta população para os bairros da Zona Oeste. Este comportamento está muito bem ilustrado no mapa abaixo, produzido pelo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, que abrange o período entre os anos de 1991 e 2000. A cor azul demonstra perda de população enquanto a vermelha representa incremento populacional.
Infelizmente, a prefeitura do Rio demorou dez anos para perceber que é necessário acompanhar esta tendência e redistribuir o número de ônibus segundo as regiões da cidade, e a resposta veio através da declaração proferida pelo secretário municipal de transportes do Rio de Janeiro, o engenheiro Alexandre Sansão em 15/06/2010.
“A estimativa de Sansão é de que, pelo menos 20% dos cerca de 1.800 ônibus da Zona Sul e da Grande Tijuca (inclui Grajaú, Vila Isabel, Maracanã e adjacências) e 20% dos coletivos do restante da Zona Norte deixem de circular. Na Barra e em Jacarepaguá, a previsão é de reduzir em 10% a frota de dois mil ônibus. Para a Zona Oeste, a expectativa é de aumentar entre 20% e 30% o atual número de coletivos (1.900).”(Fonte: O Globo)
Toda demora de resposta por parte do poder público sempre resulta em transtornos à população e, neste caso específico, aos usuários de transporte público da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
Embora a atitude do secretário esteja correta, melhor ainda seria planejar a cidade no sentido de combater o esvaziamento populacional das suas áreas mais centrais, justamente aquelas que já dispõem de uma razoável infraestrutura (hospitais, escolas, parques).
Continuar incentivando a expansão da cidade em direção à Zona Oeste só vai gerar mais gastos com a construção de novas infraestruturas e demandar deslocamentos cada vez maiores, mas isto já é assunto para um futuro post.
Realmente, a demora de resposta do poder públicos a mudanças de cenário é impressionante!
ResponderExcluirMas como conter o esvaziamento de grandes centros se o custo de vida dentro deles só faz aumentar, justamento por eles terem maior infraestrutura?
Beijos, Bel
Trata-se de uma questão de difícil solução. Importante ressaltar que qualquer interferência na dinâmica imobiliária deve ser muito bem estudada, pois pode resultar em um efeito contrário ao esperado.
ResponderExcluirO problema deve ser atacado por várias frentes:
- Transferência do custo de urbanização de novas áreas às construtoras.
- Imposto progressivo no tempo para terrenos baldios nas áreas centrais da cidade.
- E principalmente a revitalização de áreas centrais degradadas