terça-feira, 19 de abril de 2011

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Distribuição desigual dos ônibus no município do Rio de Janeiro

Este post é uma resposta rápida à leitora Carla Padilha que relatou:
“É importante constatar a disparidade entre os ônibus que rodam pela Zona Sul e os que transitam pelas Zonas Norte e Oeste: há muito mais carros e linhas disponíveis à parcela da população que tem possibildade de custear transporte privado, enquanto as pessoas que moram longe de seus trabalhos devem enfrentar cotidianamente ônibus lotados e com longos intervalos de tempo.”
A cidade é dinâmica e está em constante transformação, cabe às autoridades competentes realizar pesquisas regularmente para identificar o surgimento de possíveis disparidades como a que foi relatada pela leitora Carla.

No caso específico do município do Rio de Janeiro existe uma clara tendência ao esvaziamento populacional das Zonas Sul e Norte e o deslocamento desta população para os bairros da Zona Oeste. Este comportamento está muito bem ilustrado no mapa abaixo, produzido pelo Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, que abrange o período entre os anos de 1991 e 2000. A cor azul demonstra perda de população enquanto a vermelha representa incremento populacional.


Infelizmente, a prefeitura do Rio demorou dez anos para perceber que é necessário acompanhar esta tendência e redistribuir o número de ônibus segundo as regiões da cidade, e a resposta veio através da declaração proferida pelo secretário municipal de transportes do Rio de Janeiro, o engenheiro Alexandre Sansão em 15/06/2010.
“A estimativa de Sansão é de que, pelo menos 20% dos cerca de 1.800 ônibus da Zona Sul e da Grande Tijuca (inclui Grajaú, Vila Isabel, Maracanã e adjacências) e 20% dos coletivos do restante da Zona Norte deixem de circular. Na Barra e em Jacarepaguá, a previsão é de reduzir em 10% a frota de dois mil ônibus. Para a Zona Oeste, a expectativa é de aumentar entre 20% e 30% o atual número de coletivos (1.900).”(Fonte: O Globo)
Toda demora de resposta por parte do poder público sempre resulta em transtornos à população e, neste caso específico, aos usuários de transporte público da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro.

Embora a atitude do secretário esteja correta, melhor ainda seria planejar a cidade no sentido de combater o esvaziamento populacional das suas áreas mais centrais, justamente aquelas que já dispõem de uma razoável infraestrutura (hospitais, escolas, parques).

Continuar incentivando a expansão da cidade em direção à Zona Oeste só vai gerar mais gastos com a construção de novas infraestruturas e demandar deslocamentos cada vez maiores, mas isto já é assunto para um futuro post.

2 comentários:

  1. Realmente, a demora de resposta do poder públicos a mudanças de cenário é impressionante!

    Mas como conter o esvaziamento de grandes centros se o custo de vida dentro deles só faz aumentar, justamento por eles terem maior infraestrutura?

    Beijos, Bel

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  2. Trata-se de uma questão de difícil solução. Importante ressaltar que qualquer interferência na dinâmica imobiliária deve ser muito bem estudada, pois pode resultar em um efeito contrário ao esperado.

    O problema deve ser atacado por várias frentes:

    - Transferência do custo de urbanização de novas áreas às construtoras.
    - Imposto progressivo no tempo para terrenos baldios nas áreas centrais da cidade.
    - E principalmente a revitalização de áreas centrais degradadas

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