sábado, 16 de abril de 2011

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Prontos para a Olimpíada

Embora estejamos ainda distantes cinco anos da realização dos jogos olímpicos de 2016 na Cidade do Rio de Janeiro, poderia afirmar que a cidade está muito bem preparada para lidar com a elite do esporte mundial.

A cidade maravilhosa é capaz de impor desafios olímpicos diariamente a milhões de brasileiros que nela vivem ou que dela dependem para viver, pessoas que enfrentam uma maratona diária no ir e vir, ou seja, verdadeiros atletas.

Infelizmente ser atleta é para poucos e, portanto, a cidade, atualmente está adequada apenas a uma pequena minoria. Os obstáculos estão por toda a parte, e, de uma forma geral, podem ser divididos em duas categorias: a física e a social.

Com relação aos obstáculos físicos a nossa legislação prevê um grande número de iniciativas no sentido de promover a acessibilidade do portador de deficiência ao transporte coletivo e aos espaços públicos da cidade, cabe destacar o decreto 5.292 de 02/12/2004 prevê um prazo de dez anos para uma adequação completa destes meios de transporte e espaços urbanos ao portador de deficiência.

Embora muitos não tenham lembrança, no passado, nossos pais enfrentaram muitos obstáculos na tentativa de nos conduzir em carrinhos de bebê, assim como hoje os cadeirantes e deficientes enfrentam, em grande parte, os mesmos obstáculos e, no futuro, com um pouco de sorte, viveremos o suficiente – inclusive os atletas – para sofrer as limitações físicas próprias da terceira idade.

Os obstáculos sociais podem ser ainda mais graves pelo fato de que, em geral, são imperceptíveis aos olhares desatentos. Falta clareza de informação como, por exemplo, avisos sonoros ou visuais nos transportes coletivos, o que torna impossível a compreensão por aqueles que são analfabetos.

A idéia equivocada de que a tarifa deve sempre ser capaz de custear integralmente os serviços públicos de transporte se reflete em um patamar de preço que impossibilita uma parcela significativa da população de utilizá-los, impedindo-os, também, de acederem a áreas mais valorizadas da cidade, que dispõem de maior quantidade e melhor qualidade de equipamentos públicos.

Prontos para receber os atletas olímpicos que virão em 2016, já estamos, resta saber quando estaremos preparados para abraçar com mais cuidado aqueles que aqui vivem ou que nos vêm visitar. Esse prazo, um pouco mais curto, termina, segundo a legislação, em dezembro de 2014 e dificilmente será cumprido.

3 comentários:

  1. Milhares de cariocas e fluminenses realizam verdadeiras maratonas diariamente para fazerem o percurso casa-trabalho-casa, ou mesmo casa-local de estudo-casa. Em geral, a culpa é depositada na conta da grande área territorial da região metropolitana do Rio de Janeiro, mascarando, assim, o descaso das administrações municipal e estadual que tratam o transporte público como um serviço qualquer, quando deveriam vê-lo como necessidade básica, custeando uma parte significativa e fiscalizando as concessionárias para que as mesmas ofereçam um serviço digno e a um preço acessível à maioria dos cidadãos.

    Parabéns pela bandeira levantada!
    Marcela do NAscimento Padilha

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  2. Boa chamada! Eu não tinha pensado tanto nesse aspecto. Quando penso no sistema de transporte (asqueroso) do Rio de Janeiro, penso na falta de integração entre as modalidades de transporte e, principalmente, na falta de uma REDE de metrô que permita percursos variados (e não apenas uma tripa de linha que fica obviamente sobrecarregada de passageiros).

    Tendo passado um curto período de tempo de muletas, passei a imaginar melhor a vida de quem depende de cadeira de rodas e afins.

    Fiquei pensando em quem tem que lidar com uma dificuldade física + dificuldade financeira + preconceitos...

    Ótimo artigo, Nando! Poste mais!
    Beijos,
    Bel

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  3. Sei exatamente o que a Bel quis dizer em "passei a imaginar melhor a vida de quem depende de cadeira de rodas e afins", visto que, muitas vezes, fico impossibilitada de andar normalmente.
    É importante constatar a disparidade entre os ônibus que rodam pela Zona Sul e os que transitam pelas Zonas Norte e Oeste: há muito mais carros e linhas disponíveis à parcela da população que tem possibildade de custear transporte privado, enquanto as pessoas que moram longe de seus trabalhos devem enfrentar cotidianamente ônibus lotados e com longos intervalos de tempo.
    Em relação ao metrô, é incrível analisar o simples fato de que o metrô de uma cidade grande como o Rio de Janeiro não alcança a grande maioria dos locais urbanos - inclusive os pontos turísticos mais conhecidos mundialmente.

    Adorei essa ideia, Nando!
    Beijos,

    Carlinha

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